Terceira aula (30-08)

Hoje, sim!

Creio que hoje, sim, foi um encontro bem-sucedido. Seguindo o conselho da Concha, além dos da Karen, é claro, eu e Mafuane nos desvencilhamos da sede de conteúdo para relaxarmos e ouvirmos mais os escreviventes. Vimos que, na verdade, o conteúdo quem traz são eles: os textos foram tão belos e bem realizados enquanto gênero (conto) que será fácil lidar com a teoria quando chegar a hora.

Iniciamos a aula com uma dinâmica desconfortante, no mínimo: fazer uma lista dos amores, se possível dando nota para o outro e para si enquanto amantes. Objetivo: exercitar a memória. De início, muita resistência por parte dos escreviventes: "Como? Uma lista? Nota? Mas como vou lembrar? Que coisa estranha!", etc. Explicamo-lhes a proposta e a finalidade, e todos assentiram, resignados. Após cerca de 15 min., passamos aos comentários sobre a lista e à leitura dos textos. Não se espante, caro leitor, se lhe dissermos que nossas três horas de aula se "resumiram" a esse exercício. É inestimável o valor do que aprendemos uns com os outros, tanto quanto ao conteúdo dos textos - as experiências de vida - como quanto à forma dos textos, contos em sua maioria, os quais emocionaram e deleitaram, demonstrando um verdadeiro trabalho artístico com a palavra.

A cada comentário e leitura, seguiam-se comentários - e lágrimas algumas vezes. Entre os comentários formais mais marcantes, estão aqueles sobre a brevidade e concisão típica do conto, sua intensidade narrativa, unidade nuclear e sua linguagem direta, como um soco, diria Julio Cortázar. Vide as porradas que tomamos de textos como o de Sandra, José e Alyson. No caso do de Sandra, as porradas não são somente metáforas, uma vez que estiveram presente em sua narrativa.

Alyson suscitou uma breve discussão a respeito da necessidade de fabular, imaginar. Aproveitamos a deixa e recomendamos dois textos de Antonio Candido (v. Bibliografia): "A literatura e a formação do homem" (1972) e "O direito à literatura" (1988), pois julgamos textos acessíveis a qualquer pessoa, não somente àqueles que trabalham com as letras; destinam-se a amantes da literatura em geral.

Para a próxima aula combinamos de fazer a revisão em duplas, em que, após uma breve exposição minha sobre o parágrafo, cada um olhará o texto do outro de forma mais crítica. A Mafu não estará conosco, mas a Karen aparecerá por lá. Falaremos também do blog e... hum... segredo. Pedimos que, se possível, levem poemas (alheios e curtos) de amor para comentarmos. Eu também levarei alguns. Prometi devolver os arquivos de todos com comentários individuais, o que farei sem falta durante a semana que vem.

Enfim, calo-me.

Inté sábado!