10.9.08

Quarta aula (06-09-2008)

Caros visitantes,

Nosso quarto sábado foi de muito trabalho, mas, como o dia estivesse lindo e o jardim da Casa das Rosas mais florido do que nunca, fomos à labuta com as energias renovadas.

Iniciamos o encontro com a leitura de textos ainda da proposta anterior, de escreviventes que não puderam comparecer à aula passada. À leitura seguiram-se comentários sobre a linguagem poética, sobre a construção do diálogo e sobre o grau de ficção das obras, questões de forma, como vêem.

Fizemos um rápido intervalo e continuamos a conversa, agora a respeito do parágrafo-padrão. Comparamos sua estrutura à do texto mais desenvolvido: escolha do gênero (segundo o objetivo do texto e a situação de comunicação); escolha do registro lingüístico (padrão, não-padrão, culto formal, culto informal, coloquial); introdução, desenvolvimento e conclusão; e coerência e coesão. Falamos do padrão e das subversões ao padrão, refletindo que tudo depende das escolhas prévias à escrita do texto, as quais orientam todo o processo.

Então passamos, na última meia hora de aula, à revisão dos textos em duplas. O autor escolhe um texto seu para a intervenção e trabalha nesse mesmo texto até o fim do curso (e depois também, eterno processo...). Agrupados dois a dois ou três a três, um lê o texto do outro e faz sugestões acerca dos pontos formais discutidos acima. Tais sugestões podem ou não ser aceitas pelo autor, assim como as que o mediador fará depois a respeito do mesmo texto. Lucy M. Calkins (1989) chama esse processo de revisão, a qual se dá, segundo Lucília H. Garcez (1), por meio do comentário: "A participação do outro, ultrapassando a revisão que seria a de um corretor ortográfico ou gramatical (...) traz para a pauta de discussões o funcionamento real do discurso, a construção dos significados, as inferências, a interlocução possível com um destinatário distante."

O processo mostra-se tão agradável e produtivo, que dá nosso horário e ninguém se habilita a deixar a sala, envolvidos no árduo trabalho com a palavra, lembrando o que disse Drummond em "O lutador":

Lutar com palavras
Parece sem fruto
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Pedimos a atividade da próxima semana e permanecemos em campo de batalha...

A atividade para a próxima aula consiste no seguinte: até o meio desta semana (dia 10-09), os escreviventes devem mandar-nos seus textos já relidos pelo crivo da dupla. A mediadora também irá relê-los e fazer sugestões mais minuciosas sobre os pontos a respeito dos quais refletimos anteriormente. Então, no sábado, os escreviventes levarão a edição de seus textos, nem de longe uma versão final - utópica, como sabemos. Trata-se de incorporar um processo que os autores devem continuar mesmo após a oficina. Esta terá fim, mas o processo de escrita não.

1. GARCEZ, Lucília H. Anotações para o futuro. In: A escrita e o outro - os modos de participação na construçao de um texto. Brasília: UnB, 1988. p.158.

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